sexta-feira, 5 de junho de 2009

A fuga das galinhas.

Esta história que vou contar se passou em 2004, por aí. A livraria Iporanga era a única loja aberta naquele complexo erguido nos anos 50, que tinha como carro-chefe o Cinema Iporanga.

Na sua última década, que foi entre os anos de 94 e 2004, o time de lojas era o seguinte: Choperia Zero grau, já decadente, pintada toda de branco, parecendo uma policlínica (mais divertida, é claro), mas com chope honesto. O Zé Panqueca, lanchonete que recebia uma fauna engraçada, eu inclusive. E a poderosa Drogaria Iporanga, vizinha de parede com a nossa livraria e com a mesma idade, nascida nos idos de 54.

O cinema também estava lá, com seus funcionários à moda antiga, que usavam brilhantina nos cabelos brancos e faziam uma fézinha com o apontador do jogo do bicho, que ficava no boteco da outra esquina (aliás ainda fica, vou jogar qualquer dia).

Na realidade este mix de lojas resistiu até 2001, quando, uma a uma, foram fechando e deixando buracos na fachada do cinema. Primeiro foi o cinema, depois a choperia, as panquecas e, por fim, droga! A drogaria se foi.

Nestes últimos 3 longos anos eramos a única luzinha naquele elefante branco. Nos rotularam de heróis, de malucos e até de "Os irredutíveis Gauleses". Não éramos nada disso, apenas queríamos recomeçar a nossa história em outro local. Abandonando o espaço não teríamos como abrir outra livraria, então ficamos.

Em 2004 acabou. Fizemos um grande bota-fora, que foi um sucesso entre os aficcionados. Em quinze dias vendemos todo o nosso estoque e seguimos a vida. Eu levantei uma grana e abri a Realejo, uma livraria com música e birita, o que me parece um paraíso (se não houvesse os boletos), mas vamos querer tudo?

E a "Fuga das galinhas"? Não é um desabafo por termos ficado até o apagar das luzes, nem uma crítica aos nossos vizinhos. Na pressa ou por descuido, ficou para trás esquecido o cartaz desta animação pendurado por todo o tempo bem em cima da nossa livraria. Várias pessoas perguntavam: por onde eu entro para assistir ao filme?

5 comentários:

  1. Confesso que não era frequentador, mas no saldão eu estive (que lástima). Na verdade, nada de muito relativo pra comentar, mas pra compensar a ausência no primeiro post, sou o primeiro a dar o pitaco nesse.
    Pendura a senha no chaveiro!

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  2. Bela crônica a sua, Ze. E belas memórias tb. Parabéns, Eliana

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  3. Jair Freitas (psicografado)14 de junho de 2009 às 08:28

    Ave César!

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  4. Estou gostando dos seus escritos, bola pra frente. Grande abraço,

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